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Mahler 9

Hoje à tarde assisti ao vivo desde Bergen, Noruega, mais uma performance da 9ª Sinfonia de Gustav Mahler, desta vez pela Bergen Philharmonic Orchestra, sob a regência de Sir Mark Elder. Sempre apaixonado pelas sinfonias de Mahler, tenho, habitualmente, predileção por Abbado ou Bernstein para regê-las. Contudo, em nada me dececionou o  desempenho de Elder: Eloquência, serenidade e emoção! Especialmente durante os andamentos I – Andante Comodo em forma de sonata, extraordinariamente longo e IV – Adágio, muito triste e emocionante, com as ultimas barras em pianíssimo morrente, culminando em vários segundos de absoluto recolhimento em estrondoso silêncio!

Meiofevereiro

Amanhã será concluida a metade do mês de fevereiro do corrente ano. E é natural que tal data seja especialmente por mim lembrada, porque minha primogênita estará completando cinquenta e quatro. Será? Faço as contas na calculadora do Iphone, para o caso de ter-me enganado: não há dúvida, é verdade! Eu tenho uma filha com mais de ½ século de vida! Contudo, tenho absurdamente presente cada um dos detalhes do desenrolar do dia em que ela nasceu! Como se tal tivesse ocorrido semana passada! Que maravilha é a nossa mente, enquanto funciona! É verdade que vez por outra esqueço, diante do atendente da farmácia, que quero comprar Cloridrato de metformina ou Succinato de Metoprolol, apesar de tão fáceis de memorizar! De vez em quando eu recito “Supercalifragilisticespiralidocious” e algumas estrofes dos Lusíadas, para testar-me, não vá que…

Nostalgia

Surpreendo-me pleno de vontade de voltar e, se possível, restituir um pouco de dinâmica ao meu quase moribundo bloguinho. Afinal, esta despretensiosa (será?) folhinha de nada, tem alguns anos de existência. Viveu e sobreviveu alguns excelentes, assim como a outros lamentáveis momentos, relacionamentos blogueiros que transitaram de amizade e admiração, à contaminação pela perversidade da treta política, polarização, severas e irreconciliáveis divergências. Antes destas minhas “mukandas”, houve outras em outras plataformas, nos tempos áureos dos “bloggers”, precedidos pelos nostálgicos e pioneiros “BBS”, do saudoso permanente beber e sorver de conhecimento cibernético, na escuridão jurássica de quando não havia “Google”! As discussões desenrolavam-se, por exemplo, a propósito de uma última dica do B. Piropo no Internetc da Cora, de como mais facilmente instalar um periférico. Aquela Cora, “dos gatos”, porque eu (também) gostava e gosto de gatos e da Cora, sim senhor! Continuo “amigo” da Cora, mas, confesso, as coisas ficaram políticas demais, para meu desgosto. Longe vão os bons tempos dos encontros de amigos no Por-do-Sol no Arpoador, na Lagoa, na casa do Tom Taborda. E era a presença inesquecível da VanOr, da Moniquinha Langer, da Neria, da mui querida Jú (Jussara Razzé), esta de fortes convicções potíticas, e o Esmê. Tinha até política, claro, mesmo sendo eu avesso ao tema! Mas era um momento tããããão diferente…

Reinício

Agora eu amanheci da mesma forma que amanheci há quatro dias: ensonado, na varanda, observando o progresso da obra em frente; O pessoal retornou ao batente, as máquinas estão em movimento – a araucária no meio do terreno e preservada por bastante tempo, não chegou, todavia, ao novo ano: Foi derrubada e cortada aos bocadinhos. Eu, felizmente, ainda não fui derrubado e já iniciei lembrando que após as festas chegarão as arestas, cortantes, ferinas: Imposto disto, imposto daquilo, licenciar o carro, renovar os seguros e outras coisas tais que bolem com as magras reservas. O certo é que, pelo menos para nós aqui, a vida continua, na sua implacável contagem regressiva, mas progredindo, não obstante, como se a finitude não existisse…

Viradas

Uma vez mais e como sempre, a euforia toma conta dos bípedes de todas as condições, fogos multicoloridos e agora um pouco menos barulhentos riscam os céus, amálgama de sons e música, vivas e berrarias etílicas de boas-vindas ao novo período de 365 dias. Com maior ou menor ênfase, assim foi e continuará a ser. Esperanças que se renovam, promessas que não serão cumpridas de perder peso, de ser muito mais regrado, de ser uma melhor pessoa, de ver-se livre daquele vício, etcetera et al. No que me concerne, minha esperança reside tão somente em que eu próprio e a minha companheirinha permaneçamos vivos e com as capacidades preservadas e a promessa de que continuarei a ser eu próprio. De resto, a confirmação de que bebidas gasosas incluindo vinhos me deixam uma incômoda e embaraçosa flatulência…

Loteca

Nunca fomos frequentes jogadores de nenhuma das muitas modalidades de loterias, à disposição com o intuito de atrair o dinheirinho do incauto esperançoso de que em algum feliz momento, alguns milhões desaguem milagrosamente na sua algibeira, modificando-lhe a triste vida. Mas, para além do que certamente lhe sai da carteira, não nego que a ténue possibilidade de sair o bolão, deixa de ser ténue para ser impossível, se não fizer uma tentativa. Então, neste último sábado de 2023, saímos caminhando dispostos a tentar a nossa sorte em duas míseras apostas. Sabemos que temos menos chance, do que tentar drenar a água do oceano para um buraquinho na areia. Bem, e daí? Nós jogamos e pronto!

Psicanálise

Estamos no derradeiro dia útil do ano e concluo que não reajo bem se tento fazer uma retrospetiva dos últimos doze meses. Mas sei que o passado não existe mais a não ser nas memórias, boas ou ruins, e na frieza das contas e das delapidadas finanças. Encontro alguns pontos positivos, a começar pelo óbvio: Ainda estou vivo, malgrado mazelas várias que vou combatendo com custosas drogas. Devo, pois, declarar-me contente por viver, até porque só vivendo é que eu posso continuar a convencer-me a mim próprio de que sou imortal. No entanto, convenhamos, uma única decisão que vinha sendo arquitetada há tempos, virou nossa vida de pernas pro ar e carregou comigo até à beira da depressão. Ao ponto de, pasmem, deixar levar-me pela mão até uma “shrink”! 2023 fica assim nas páginas do meu diário, como o ano em que me rendi à psicanálise, se é que foi isso a que me submeti e me forçou a chorar como um imbecil. Aí foi fácil o diagnóstico: “Você está deprimido!”. Recaí logo em seguida, quando fiz um Pix no valor da consulta…

Feliz Natal

“…vejo a rua deserta, vento muito forte, -7ºC com sensação de -17 prometendo chuva de gelo, talvez até alguma neve. Vontade de ficar dentro de portas e deixar o resto para amanhã, porque o alerta é de vento ainda mais forte, com formação de gelo no piso e dificuldade de controlar os veículos. Resta-me aproveitar e desejar a todos os meus familiares e amigos, que passem um Natal muito feliz com muita paz e saúde!”

Essas linhas descrevem um dos frios dias que precederam o Natal do ano passado em Flower Mound, Texas. Hoje, tempo de mais uma comemoração natalícia, eu não sinto frio, o meu traje é o preferido de sempre, ou seja, bermuda e uma camiseta preferencialmente decorada com algum motivo musical. O tempo está assim assim, mais para nublado com cara de que poderá chover, mas com temperatura agradável. Nina já produz desde ontem as habituais gostosuras várias, a saber: Rabanadas, aletria, mosaico de gelatina, pudim dentre outras. Vão seguir-se os pratos da ordem, tendo como estandarte o típico bacalhau. A casinha de Vanessa e Alison em Curitiba anima-se para a consoada. As eventuais dificuldades do atual momento, eu deixo para depois da festa. Repetindo os costumes, eu desejo para meus familiares e amigos, um Feliz Natal com paz, muita saúde e boa disposição!

Fragilidades

Hoje, dez de Dezembro, realizo que o ano de 2023 está quase no fim! Que estou prestes a entrar no 80º ano da minha vida sem que sinta em mim a força de que tanto necessito para enfrentar as fraquezas da idade e de algumas mal pensadas, ou ao menos insuficientemente ponderadas decisões para os anos que me restam. Olho através da vidraça o dia cinzento, chuvoso, sem piedade e prenhe de supostas ameaças que nem estou certo de que existam, mas que me sobrecarregam a alma. Alma outrora gentil e à prova de tudo, agora gemendo fragilidades…

Felinos

Gatos podem ou não ser amáveis bichinhos peludos que nos fazem companhia e que acariciamos até onde eles nos admitam. Se for um siamês, em qualquer momento o bichano assinala que já encheu e começa por te dar uma mordidinha aparentemente amigável, mas será provavelmente seguida de uma bem mais contundente, como se dizendo “me deixa em paz!”, marcando os dentes na tua mão; Pergunto-me como é que a Vanessa, depois de muitos anos aturando os maus humores da Belina, tomou para adoção uma cópia da dita! A Chiara, Kiara, ou Kiki, não importa como é chamada, parece um clone da felina que ocupou nossa casa por exatos 19 anos! Perguntei se a gata aprovou a montagem de uma árvore de Natal; por dois dias ela condescendeu, mas ao terceiro começou a escalar, a atropelar tudo e a arrancar no tapa e garra, os pindorelhos dourados…