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Archive for Abril, 2017

Meus olhos

O olhar que encontro no meu olhar

não é igual ao olhar que tinha d’antes

Acho-me inexpressivo no meu fitar

Meus olhos sem brilho e a lacrimejar

parecem inquietos. Irrequietos. Errantes

 

Reconhecer-me a mesma pessoa não é tarefa fácil quando, quotidiana ocorrência, me acho em frente a um espelho para tarefas de higiene pessoal. Descrevi em outras ocasiões, de forma mais ou menos contundente, a que ponto me perturba descobrir uma mancha de pele que juraria haver aparecido nas ultimas horas, ou verificar que o pneu que tinha estourado voltou a inflar. O mais novo foco de desgosto são meus olhos, depois que duas pessoas de família muy amigas me dizerem que as cirurgias às cataratas me deixaram com olhos de chinês. Terei eu olhos de china? Mesmo? Tem cura? Mesmo na minha idade?…

 

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“…Vaguear pelo absurdo revitaliza-me, pela via do que de mais absurdo tem a minha absurda alma. O absurdo contém doses massivas de ilógico, profilática medicação contra os males da fria lógica que contamina e aflige o meu cotidiano.”

O pensamento acima encontra-se em algum ponto de um projeto de livro que poderá jamais passar de projeto. Discorro sobre as minhas longas caminhadas pelos absurdos que povoam o meu mundo interior e que, não raramente, levam a choques frontais em belicosos momentos nos quais sou destratado por mim próprio, vítima e algoz. Mas são também frequentes os acessos de puro gozo numa cadeia de orgasmos seguidos, ao explorar-me nas minhas fraquezas enquanto exploro as fraquezas dos que me cercam no grande circo.

 

Acabo de cair na gargalhada com a sonora flatulência do aussie da báia ao lado, seguida de um…”Oh Dear…”, logo emendada noutra ainda mais ruidosa, imediatamente coroada com um “Ohrrrrrr! Fuck me dead!!!!”. Estou até agora na dúvida por qual dos orifícios…bom, deixa pra lá!

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Desabafo

Vejo-me decair e isso não é somente coisa da minha propensão de raiz lusitana para dramatizar e transformar os meus sofrimentos em lamentosos blues em prosa e verso. Desde que virei os setenta, perdi imediatamente o meu tão querido status de sexagenário, essa palavra lindíssima que me massageava a alma. Essa perda influenciou por si só uma enorme queda na autoconfiança que havia logrado manter ao longo da finda década. O portal abriu-se, enfim, de par em par, para acesso a uma outra dimensão. Nela, na nova dimensão, algumas dimensões encolheram, enquanto que as mazelas físicas e químicas tiveram substancial aumento. No campo psíquico, prefiro refrear meus conceitos, já que não me tenho a mim próprio num conceito muito positivo…

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