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Archive for Outubro, 2021

Enguias

Sempre gostei de comer enguias. Afinal era fácil pescá-las ali mesmo no nosso Rio Douro ou, se havia dinheiro, podiam-se comprar ainda bem vivas em qualquer mercado público da cidade, por exemplo, no Bulhão ou em Bom Sucesso. No entanto, das diversas formas de prepará-las, a minha preferência era e continua a ser em molho de escabeche. Havia à venda nas mercearias mais “finas”, que hoje chamaríamos de “delicatessens”, umas pequenas barricas de madeira, miniaturas das pipas de vinho, com a iguaria da forma que eu mais gostava. Foi em busca dessas saudosas barricas, que abandonamos por algum tempo a auto estrada para chegarmos à terra das enguias: A Murtosa. A informação que obtínhamos era que em qualquer restaurante nos preparariam um prato de enguias. Até que alguém disse o impensável: “Barricas de enguias, só no Museu da cidade”. E aí está na foto acima. A tão procurada barrica que não é mais que uma lata com o feitio da própria, com meio quilo de enguias de escabeche (depois de drenada), adquirida no museu “Comur” da Murtosa. E agora? Como as bichinhas ou guardo de recordação?…

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Alegres, porque as pernas não me traíram, permitimo-nos caminhar e escalar as íngremes ruas do centro da minha belíssima cidade do Porto, admirando os progressos na recuperação de tantos dos velhos edifícios de admirável arquitetura que se encontravam em situação de abandono. O ponto alto, foi a visita à igreja do convento de Santa Clara, junto às muralhas fernandinas, de emoção certa e inevitável, ante tal profusão da mais complexa e bela arte sacra em madeira! O dia do quinquagésimo terceiro aniversário do nosso casamento, encontrou-nos junto à Torre dos Clérigos quando o seu relógio marcava 12:05 e entrávamos numa típica tasca das imediações para degustar, felicíssimos, um simples polvo à lagareira regado com um despretensioso vinho maduro branco da casa, incluído no almoço. À noite, nada de jantar em algum sofisticado restaurante com estrelas no Michelin: Presunto, queijos e pão e um bom vinho comprados num mercadinho, foram nosso repasto na tranquilidade do quarto do hotel…

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As erupções em curso, particularmente a de La Palma, proporcionam imagens ao vivo dos seus rios de lava em torrencial corrida pelas vertentes em direção ao oceano, mostrando casa após casa e áreas férteis sendo engolidas pelo fogo expelido das entranhas da Terra. Como os terráqueos são ridículos nas suas demonstrações de força e poder, quando colocados assim, diante das devastadoras e incontroláveis forças da natura!…

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Alvor

Aos primeiros alvores desperto

para a madrugada reverenciar,

agradecido e contente, decerto,

por uma vez mais vivo acordar…

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Soaring

Ponte de Sor é uma pequena cidade no Alto Alentejo, distrito de Portalegre. Não tem mais que umas sete mil almas residentes permanentes, mas tem uma população temporária em razão das atividades aeronáuticas na área, especialmente por ser um importante centro de formação aeronáutica de nome internacional, para a aviação civil comercial. Ontem foi um dia diferente, porque resolvemos cobrir os cerca de 140 Kms para, junto com a minha irmã e meu cunhado, estarmos presentes no quarto dia da 5ª edição do “Portugal Air Sumit”. Carro deles, pilotado por ele porque, aparentemente, a minha condição de saúde não está inspirando lá muita confiança. Muitas curiosidades e surpresas nos stands, mas o verdadeiro show esteve cá fora, na apresentação de vários modelos de grande capacidade de manobras acrobáticas, girocópteros, balões, etc. No entanto, minha atenção esteve o tempo todo voltada para o grupo de venerandos “YAK 52” da 2ª guerra, de fabricação soviética e perfeitamente mantidos em condições de voo pelos seus proprietários, a maioria deles espanhóis! Foi com irreprimível inveja que assisti ao desfile de todos eles ao longo do taxiway junto de nós a caminho da pista de decolagem. Enquanto fecho esta postagem, suspiro uma vez mais enquanto penso: “Como eu gostaria de ter um Yak daqueles”! Quem sabe, se existir uma outra vida…

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Outonando…

Nesta nova manhã, chego à janela

para ver a claridade surgindo,

iluminando um mal chegado outono

de amenas e agradáveis temperaturas.

As árvores que daqui avisto,

vão largando suas folhas ao vento,

que as movimenta em redemoinhos

e atapetam as ruas, entopem bueiros.

Eu gosto do outono, na expressão

captada pelas lentes fotográficas,

em toda a sinfonia de vivas cores,

oferecida pelas morrentes folhagens…

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São 07:30 e só agora o Sol vai assomando por entre os prédios lá ao longe. Sinto algumas dores nos braços e tenho a mão esquerda inchada, pelo que tenho dificuldade em manejar a pesada Canon D5 com o longo zoom de 200mm. Depois de alguns disparos, sento à mesa da cozinha junto com a Nina para o café da manhã, que inicio ingerindo uma caneca de água seguida de outra enquanto engulo, um a um, todos os 6 comprimidos prescritos. Comparo-me, parafraseando uma pessoa do nosso círculo que já se foi, a uma galinha catando milho. Depois, a frugalidade do mata-bicho com café forte. E água, muita água. Li algumas informações sobre a tal de artrite reumatoide e, pelo que li, ora vejam só, isso dá mais em mulheres! Sou, pois, um septuagenário com doença de mulher. Reconheço-me irreconhecível em muitos aspetos, desde que deixei de ter o valiosíssimo amparo diário das preocupações do trabalho remunerado, desaguando no vazio do aposentado sem a obrigação de produzir e apresentar serviço. Perda de interesse pelos meus interesses, pouca disposição, falta de atenção: Dia destes, no nada glorioso FB, compartilhei na minha página um texto publicado por pessoa amiga com câncer, sem me dar conta que os meus amigos poderiam concluir ser eu próprio quem estaria sofrendo tal doença.

Termino esta minha mukanda prometendo-me parar de falar em enfermidades…

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Tristeza…

Senti-me chocado quando esta tarde recebi esta foto do “Dynamic Producer” varado no seu leito de morte nas lamas de algum lugar da Índia. Em algumas semanas nada restará da unidade que com tanta dedicação e trabalho nós materializámos, em milhares de horas de dedicação em engenharia na Finlândia, EUA e finalmente, em dois anos na sua construção em Singapura. Em Outubro de 2010, a unidade enchia-nos os olhos na baía da Guanabara em preparação para operações; Apenas onze anos depois, a tristeza do desmantelamento…

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Foi especialmente longa a espera em silêncio, enquanto o ilustre doutor em medicina lia, interpretava e tomava notas dos parâmetros encontrados como resultado da análise do meu sangue e urina. Depois, foi a vez de analisar uma a uma as muitas chapas radiográficas feitas dos meus joelhos, quadril, ombros, cotovelos, torax…

Finalmente o silêncio foi quebrado e ele deu nome e sobrenome ao mal que me aflige: Artrite reumatoide. Falou-se bem mais enquanto ele se fixava nas prescrições de mais uma batelada de fármacos que terei de ingerir, cumulativamente ao que já engulo para as maleitas cardíacas e outras.

Levantando em mais uma manhã com as pernas e braços emperrados e doendo muito, repito sem parar: Que mal terei eu feito para merecer tal coisa?…

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Vindima 21

A faina da vindima terminou na vinha dos Caria. A colheita foi considerada muito boa e os rostos estavam risonhos, enquanto a última caçamba partia para a entrega nos lagares de um dos mais renomados produtores de vinho da região. Desta vez só a Nina tomou parte no trabalho árduo que muita gente erradamente avalia ser um tipo de diversão. Com a saúde debilitada, nem para as fotos tive ânimo, que dizer para manejar uma tesoura, agachar para descobrir os cachos e arrastar baldes carregados. Quem sabe ano que vem…

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