É vero que o meu grande problema sou eu próprio. Penso que se eu pudesse destacar-me de mim e de mim lograr esconder-me, poderia ser “aquela” outra pessoa que jamais consegui ser. Ou não, quem sabe?…Respiro fundo com algum desalento após falhar, uma vez mais, na tentativa de apontar “aquela” pessoa que seria o meu paradigma. Seria eu capaz de sequer definir um paradigma que apenas vive no meu imaginário? Afinal, se reconheço o meu imaginário como um universo impossível, a minha pretensão não passa de mais um dos absurdos desse mesmo absurdo universo. Resta-me a emotividade como prova de que tenho uma alma. Alma legítima, minha, tão ou mais gentil que a de Camões e igualmente emotiva. Talvez até mais…
…Soluço, até se a lágrima é furtiva,
a tal ponto minha alma é emotiva
e arrasta meu coração…