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Archive for Junho, 2017

outrosmoinhos (1 of 1)

Da casa da minha irmã na zona rural de Palmela até ao bairro do Liceu em Setubal, são cerca de treze sinuosos quilômetros por entre velhas e novas construções, terrenos e pedreiras nas pitorescas vertentes dos montes, caso optemos por um desvio pela velha e estreita estrada da Baixa de Palmela. Velha, estreita, mas de piso excelente e com boa sinalização, se considerarmos tratar-se de uma via que poderíamos chamar de rústica. No último sábado dia 17, a meio da tarde e no momento em que dezenas de pessoas eram imoladas no inferno do Pedrógão Grande, observamos que o termômetro do pequeno C3 exibia espantosos 47 graus celsius de temperatura externa, enquanto o céu escurecia e ventos fortíssimos eram sentidos. Logo que deixamos o carro, notamos que os fortes ventos estavam aquecidos como se houvessem passado por unidades térmicas! Negras formações de nuvens deslocavam-se rapidamente, enquanto extravasavam sua enorme carga estática em relâmpagos e trovões. Nem uma gota de chuva caiu nas áreas que percorremos, sugerindo que as gotículas que formavam aquelas pesadas nuvens terão sido evaporadas pelo intenso calor…

De volta aos tempos de infância, recordo-me viajando em transportes ferroviários propelidos por locomotivas a vapor tendo por combustível a lenha e o carvão soltando fagulhas. A velha linha de Barca d’Alva serpenteava ao longo da margem direita do Rio Douro em direção à fronteira de Espanha, hora suspensa sobre o impressionante vale de socalcos entalhados nas encostas plenas de produtivos vinhedos, hora através de florestas de pinheiros resinosos. Acreditem-me, não me lembro de acontecerem incêndios florestais. Muito menos com a trágica constância e magnitude do que neste momento vivemos. Algo de muito grave se passa, seja pelas condições climáticas, por erradas políticas florestais, por falta de cidadania e amor à terra natal, por tudo isso junto…

Precisariam os velhos Lusitanos – Hoje de Novo – assumir Portugal?.

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—Mexeste no meu celular!

—Não, não mexi…

—Mexeste sim! Eu não o deixei nesta posição!

—Pode ser que tenha se deslocado, porque mexi na bagunça em torno dele.

—Xereteaste o meu telefone, isso sim!

O homem riu, enquanto manuseava seu próprio celular e negava veementemente.

—Qual é a graça? Acho um baita de um desrespeito invadir a privacidade do meu telelé!

O homem deixou de rir e reagiu com mais veemência elevando a voz e chapando seu próprio celular contra o tampo da mesa:

—Porque diabos haveria eu de querer policiar o teu celular?!!…

—Isso!!! Dás na mesa o soco que querias dar na minha cara!!

O quiproquó do velho casal parecia, portanto, desaguar para uma acusação de violência doméstica e o homem imaginou a mesa sendo levada para um exame de corpo de delito e formalizar na mariadapenha uma queixa por agressão física do seu tampo. A mulher saiu de cena para voltar em seguida e anunciar que ia sair para uma caminhada.

Saíu, bateu a porta, mas deixou o seu celular à mão sobre a mesinha da sala!! Nesse ponto dos acontecimentos, o homem esforçava-se por entender como tão fútil razão pudesse dar lugar a uma altercação e amuos mais próprios de crianças que de adultos idosos. Até que lhe ocorreu que a exagerada reação da esposa só poderia ter um motivo: Poderia muito bem haver coisa naquela coisada!…

Olhou para o celular e sentiu um desejo irresistível de, agora sim, devassar todos os segredos porventura ali contidos. Para isso, pensou, é preciso medir com acurácia e desenhar num papel as coordenadas do celular em relação a algum ponto de referência na mesa. Também era necessário medir rigorosamente o ângulo do aparelho em relação à aresta da mesa e para isso era necessária a utilização de um transferidor que não tinha à mão…

Mas era, enfim, muita mão de obra e o homem acabou desistindo dessa besteira e sintonizou a televisão no canal dos mistérios da Agatha Christie.

Pelo sim pelo não, no seu caderninho de apontamentos escreveu: “Comprar um transferidor”…

 

 

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