Feeds:
Artigos
Comentários

Archive for Março, 2024

“Nelson”

Tropecei mais uma vez no que tange a ficar corretamente ligado ao que eventualmente leio de novidades na internet. Dia destes li um post da extraordinária Luisinha Caria sem atender que se tratava apenas de uma partilha sobre a aproximação de uma depressão meteorológica chamada de “Nelson”, que prometia mau tempo para a Páscoa. Expeditamente, comentei “que eu não estaria em Lisboa na Páscoa e que a depressão pela qual passei em Dezembro foi coisa rápida e benigna!” Pode uma porra destas?!

A Nina, gozadora, riu da minha cara, quando a Luisa respondeu o óbvio no meu comentário: Olhaí, Nelson; Nada a ver contigo não, amigo! Deram o teu nome a um novo twister ou tufão ou simples tropical storm! concedo que fiquei com o maior medo da possibilidade de eu estar também, tal como aquele velho figurão d´além mar, com problemas cognitivos…

Read Full Post »

Mortalidade

Pela segunda vez em curtíssimo tempo, tive de lamentar o passamento de pessoa de família. Em nenhum dos casos fui surpreendido, porque as duas pessoas, ambas primas direitas, se encontravam gravemente enfermas, apontando para quasi certa irreversibilidade. Para além da perda das primas, não posso deixar de lamentar o longo tempo de sofrimento delas e das famílias que com elas conviviam diariamente. Se temos de morrer, porque não fulminante?

Há já alguns bons anos, ainda produtivo e trabalhando muito, consultei um cardiologista em Macaé, RJ, que após fazer-me um eletrocardiograma, despendeu uma enormidade de tempo medindo com um paquímetro, o espaçamento de cada sístole. Ao fim desse período que me pareceu uma eternidade, ele ameaçou-me de “morte súbita”, tal o nível de arritmia apresentado. Para alguém que, feito eu, repetia nos meus escritos o convencimento de ser um caso raro de imortalidade, tal afirmação foi chocante! A arritmia junta com fibrilação atrial é, pois, como que uma lâmina de guilhotina permanentemente armada. Morte súbita não é mais o meu maior receio. Terror é a possibilidade de ser pesado a alguém por longo período. Daí eu cumprir a medicação diária prescrita, contrariando a vontade de jogar os comprimidos no lixo…

Read Full Post »

Aquarius

Devo regozijar-me por completar oitenta, não? Penso, o que prova que ainda existo, que sim, devo regozijar-me, já que houve um sem número de contemporâneos cuja vida se apagou muito antes de tal efeméride. Além de que, em última análise, quem da lei da morte já se libertou, perdeu todo o esculhambo que os novos tempos disponibilizaram no primeiro quarto do século 21. Concedo que eu acreditava nas propaladas virtudes a esperar da era de Aquarius. Lembram? “When the Moon is in the seventh house and Jupiter aligns with Mars…” Entretanto, surgiram, entre muitos outros cretinos, os malditos da filosofia Woke para estragarem os sonhos…

Read Full Post »

Sem querer, mas sempre querendo, bato mais uma vez no estafado clichê: “Todos os dias são Dia da Mulher”. É uma verdade, se falo da supermulher com quem há tantos anos dividido a vida e trato alternadamente como mãe, namorada, amante, cúmplice, múltiplos eteceteras… Ao ler este texto, adivinho-a reagindo: “Mãe, uma pinóia! Só sou mãe das minhas filhas!”

Sabine Hossenfelder é também uma mulher, mãe de duas outras mulheres, e dedica toda a sua vida à ciência e à música. Mas é na ciência, particularmente por via da contundência geralmente muito bem alicerçada nos seus frequentes comentários em torno da paranoia catastrofista da “mudança climática”, que carrega toda a minha admiração! Este ano, vai para Herrin Hossenfelder, PhD, minha congratulação pelo Dia das Mulheres!  

Read Full Post »

Estamos em Março, mês especial pelo meu nascimento e, com 24 anos de diferença, o da minha tia Miquinhas, irmã mais velha da minha mãe, que, portanto, completa 104! No último dia 29, festejou 100 anos a Dona Nora, decana dos Rónai. O extraordinário é que as duas atingem essas idades com invejável saúde mental. Minha mãe teria 102, não a houvesse levado o câncer. Porque dona Nora é judia, acabo por associar ideias e recordo a minha infância naqueles anos conturbados do pós-guerra. Ela, a minha mãe, jovem senhora do final dos anos quarenta, usava as roupas da época, o cabelo arranjado em permanente e pintava os lábios de vermelho vivo, como gostava. Aprendi mais tarde que ela era uma mulher de requinte, apesar das condições econômicas do tempo não ajudarem. Mesmo assim, quanto íamos para o Palácio de Cristal – o verdadeiro- meu pai alugava carrinho de pedais para mim e triciclo para a mana, para nossa alegria! Meu pai era fotógrafo profissional e andava sempre com uma máquina e tirava muitas fotos, mas ele mostrava só algumas que revelava. Eu escutava que a guerra havia terminado, mas que continuava o racionamento de itens de alimentação e alguns produtos fotográficos, que o meu pai clonou para poder trabalhar. Meu pai usava chapéu, como todos os homens, mas também tinha adultos usando boina, como eu usava. Havia um colega do meu pai, que usava boina e ia a nossa casa conversar. Chamava-se Sr. Nascimento e tinha muita barba loura. Meu pai disse que ele também era repórter e eu escutei eles falarem em julgamentos de homens que mataram mais quantidade de judeus do que havia de habitantes na nossa terra. Parece que não gostavam dos judeus, porque eles tinham outra religião. Mas eu tinha ouvido meu avô dizer que na quelha de Salzedas tinha muito judeu e que ninguém podia garantir se seria ou não da família deles. Então, perguntava, se toda a gente em Salzedas fosse de família de judeus, todos teriam sido mortos também?…

                                                                 ***

Retorno aos tempos presentes, vejo-me com 80 anos vividos e fazendo a mesma pergunta: Se a população de Salzedas descendesse, como o meu avô dizia que poderia, dos judeus-cristãos-novos que em outros progroms, perseguições e expulsões ali, na historicamente chamada “Judiaria” se refugiaram, eis que, não obstante o que se esperava da modernidade e da decência, esse povo se encontraria agora, como sempre se encontrou aliás, na mira diabólica não só dos degoladores do extremismo muçulmano, mas também dessa turba  seguidora dos nazis que sonham, como sonhava o Adolfo, com a “solução final”, a qual seria, o extermínio dos judeus e seus consanguíneos…

Read Full Post »