Ainda nas férias em Pt, o meu amigo Capitão Valdemar Aveiro revelou-me um texto que poderá ser incluído no seu novo livro como introdução. Achei a peça irretocável e um manifesto de ideias e ideais que, nada surpreendentemente, são perfeitamente coincidentes com as minhas próprias ideias e ideais. Gostei, mas disse-lhe que preferiria que ele se proclamasse “Imortal” ao invés de ressaltar o quão próximo poderá estar do “Fim”! Desprezando as minhas repetidas incursões pelos temas envolvendo a “Finitude”, escrevi-lhe sobre a experiência do meu “brincar de imortal” com uma eloquência, que eu próprio dei em acreditar!…
O meu humor, reconheço, se dele for feito um gráfico, resultará em relevos mais acidentados que os de uma cordilheira. Mas, tirando os momentos de extrema introversão, a verdade é que não sou tudo isso que meus textos transparecem de pessimismo e ausência de alegria. Se acaso sou mesmo tudo isso, a minha mais-que-tudo será canonizada!… A realidade é que dessas introversões quase sempre sai um texto impregnado de revoltada decepção e amargura. Contra quem e o quê? Geralmente contra o “Eu” com quem alterco o tempo inteiro e a quem acuso de todas as minhas frustrações ao longo da vida.
Voltei às leituras e comecei por repassar a segunda metade de “A Paixão segundo GH”. Quando se trata de Clarice, reconheço que posso ser muito lento, muito lento, muito lento. Desta vez, degustei e cuspi matéria junto com ela antes de virar a agulha e seguir por outros trilhos. E os novos trilhos, são outra vez as frias realidades e peripécias dos heróis dos bancos da Terra Nova contadas por Valdemar Aveiro, ele próprio um desses heróis do gelo, no seu primeiro volume sobre o tema.