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Archive for Outubro, 2014

Retorno

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Ainda nas férias em Pt, o meu amigo Capitão Valdemar Aveiro revelou-me um texto que poderá ser incluído no seu novo livro como introdução. Achei a peça irretocável e um manifesto de ideias e ideais que, nada surpreendentemente, são perfeitamente coincidentes com as minhas próprias ideias e ideais. Gostei, mas disse-lhe que preferiria que ele se proclamasse “Imortal” ao invés de ressaltar o quão próximo poderá estar do “Fim”! Desprezando as minhas repetidas incursões pelos temas envolvendo a “Finitude”, escrevi-lhe sobre a experiência do meu “brincar de imortal” com uma eloquência, que eu próprio dei em acreditar!…

O meu humor, reconheço, se dele for feito um gráfico, resultará em relevos mais acidentados que os de uma cordilheira. Mas, tirando os momentos de extrema introversão, a verdade é que não sou tudo isso que meus textos transparecem de pessimismo e ausência de alegria. Se acaso sou mesmo tudo isso, a minha mais-que-tudo será canonizada!… A realidade é que dessas introversões quase sempre sai um texto impregnado de revoltada decepção e amargura. Contra quem e o quê? Geralmente contra o “Eu” com quem alterco o tempo inteiro e a quem acuso de todas as minhas frustrações  ao longo da vida.

Voltei às leituras e comecei por repassar a segunda metade de “A Paixão segundo GH”. Quando se trata de Clarice, reconheço que posso ser muito lento, muito lento, muito lento. Desta vez, degustei e cuspi matéria junto com ela antes de virar a agulha e seguir por outros trilhos. E os novos trilhos, são outra vez as frias realidades e peripécias dos heróis dos bancos da Terra Nova contadas por Valdemar Aveiro, ele próprio um desses heróis do gelo, no seu primeiro volume sobre o tema.

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Twilight

sunset

Eis-me só, de volta ao apê envidraçado que o Sol da tarde esquentou. Abri as portas das varandas e as janelas buscando a brisa que não há, buscando alegrar-me com o que há, bebendo do esplêndido visual da praia. O estado de espírito não anda lá dessas coisas e acabei por sentir-me um estranho neste estranho planeta. O poderoso Sol, sangrento e morrente, tingia de vermelho a terra e as almas.

Declarar-me em estado de letargia, desprovido de qualquer réstea de vontade própria dando plena razão a quem por mim se preocupa: Declaração do óbvio. Desinteresse, é o nome da cousa. Desinteresse paralisante, estupidificante por tudo. Sobretudo por mim próprio. Parei de ler, parei de escrever, não gosto das fotos que faço e sinto náuseas quando releio meus textos. Não sei dizer se é grave, mas procuro convencer-me de que tem cura, ao tempo em que tento agarrar-me ao que poderá restar-me de razão, sensibilidade e amor próprio, virtudes que sei haver em tempos possuído em razoáveis porções. Agora, o Sol foi embora, a noite está suave e tépida. “A cura de todos os meus males”, penso, sonhador, em voz alta, “Pode estar na poesia”!…

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Declamar…

Ah… Se uma firme voz eu possuísse, eu diria!…

Diria, sim, declamados versos, rimados, sentidos,

das profundezas da minha alma trazidos e vertidos

em rosários de palavras encadeadas à porfia!

Ah…não fora das insonoras cordas  a rouquidão

e a  insegurança do meu respirar, do meu falar…

Eu daria, sim, de viva voz, voz ao meu coração,

pro meu coração suas eloquências expressar…

e cantar as grandezas de que a vida é plena,

se, como disse Pessoa, a alma não é pequena

e essas grandezas são as grandezas de amar.

Afinal, é no amar que a alma se agiganta,

quando o nosso ego exulta em alegria tanta

que as agruras desta vida logra mitigar!

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