De repente, de alguma forma, eu sentei num carrossel. Minha cabeça passou a rodopiar, cérebro centrifugado, enquanto um ponto negro foi aumentando de tamanho. Ciclópicas forças chegaram em meu socorro para me agarrar e evitar que eu fosse sugado pelo pavoroso e negro sorvedouro.
Estou acordado e sentado num carro em andamento, mas não dirigido por mim. Abri a janela para ventilar e estou enjoado. Acabo de resistir a um desmaio…Que estará acontecendo comigo?
Temo, Nina, tudo do nada,
pois nada é certo e sabido
a não ser o já percorrido
caminho da vida passada
com tudo do certo e sabido
de coisas boas ou más
que nos hão acontecido
e fomos deixando pra trás…
Só tua companhia me anima
Teu coração, meu aconchego…
pois nada é certo e sabido
a não ser o já percorrido
caminho da vida passada
com tudo do certo e sabido
de coisas boas ou más
que nos hão acontecido
e fomos deixando pra trás…
Mas temo, Nina, a fraqueza
do meu corpo que nada é
do que d’antes era de firmeza
e saude… de ousadia até…
Temo, sim, Nina, não nego,
a velhice que se aproxima.
Só tua companhia me anima
Teu coração, meu aconchego…
Também tenho andando assim, temendo o meu próprio corpo e suas revoluções do não. O tempo é o mais revolucionário ser. Começo a contar outra história de mim. Outro mim mais envelhecido.Queria fazer uma organização sem fins lucrativos, o objetivo: protestar contra o envelhecimento.Gostei do texto, Nelson. Tema e engenho.
Brigado, Rose! Envelhecer, mesmo romanceando em prosa e verso, não é de fato muito fácil.
Para sua reflexão, Nelsinho, o que James Lovelock diz sobre envelhecer e que postei em meu blog em 2007:"Envelhecer não é tão ruim como às vezes se imagina. Na minha adolescência, eu achava que, na idade atual [Lovelock nasceu em 1919, portanto tinha 87 anos quando publicou o livro em 2006, atualmente tem 92], estaria fraco, deprimido e meio senil. Algumas dessas premonições se concretizaram, mas não todas, e embora eu consiga andar e subir uma encosta leve a seis quilômetros por hora, caminhar nessa velocidade nas montanhas já não é mais possível. Mas aprendi que a vida se renova a cada década. No meu caso, ela reiniciou a cada década a partir dos meus vinte anos. À semelhança da borboleta, os longos anos como larva e, depois, como pupa terminaram, e como disse a poetisa Edna St Vincent Millay: My candle burns at both ends; It will not last the night; But, ah, my foes, and oh, my friends – It gives a lovely light.**Minha vela queima nas duas pontas; / A noite toda não vai durar; / Mas ah, meus inimigos, e oh, meus amigos – / Que bela luz ela dá!"Texto extraído do livro de James Lovelock, "A vingança de Gaia", p. 53, Ed. Intrínseca, 2006.Um abraço,Isabela
Belo comment, Isabela!!Muito obrigado pela visita!